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Crianças fazem visita especial à Câmara

Um grupo de crianças portadoras de necessidades especiais visitou as dependências da Câmara Municipal e conheceu de perto o ambiente onde as Leis da cidade são definidas.
Crianças fazem visita especial à Câmara
Foto oficial no plenário da Câmara
Nem mesmo o frio e a chuva que marcaram a tarde da última quinta-feira atrapalharam a visita de um grupo de crianças portadoras de necessidades especiais (surdos e mudos) que vieram conhecer de perto as dependências da Câmara Municipal de Jaguariúna. O grupo foi recebido pelo Presidente da Casa, Mauricinho Hossri e pelos vereadores Edison Cardoso de Sá e Rubens Virgens.
As crianças fazem parte de um Projeto da Prefeitura intitulado “Jaguariúna na palma da mão” e estavam acompanhados pelo Especialista em Deficientes Auditivos, José Marques Neto e da Mãe de um dos alunos, Claudia Delfino de Souza. O Projeto tem o objetivo de trabalhar com os alunos surdos a história de Jaguariúna e lugares significativos que nos remetem ao passado deste Município. Desta forma o aluno estará inteirado dos acontecimentos que fizeram parte desta cidade e terão condições de entender.
Segundo o Projeto, a aprendizagem é oportunizada através de libras como primeira língua e a língua Portuguesa, em sua modalidade escrita, a segunda. Neste cenário são elaboradas atividades e situações que envolvam o dia-a-dia de uma pessoa, como por exemplo, como utilizar um banco (caixa eletrônico, cheque, cartão de crédito).
Em uma visita rápida, as crianças conheceram as dependências da câmara, assim como o Plenário onde acontecessem as sessões e o Departamento Jurídico , onde os vereadores se reúnem para definir as leis que regem a cidade. Um exemplo foi a instituição da Lei que criou o Dia Municipal dos surdos. Todo dia 23 de setembro é comemorado e a Prefeitura do Municipio promove atividades que possam contribuir para uma reflexão sobre a condição de vida do surdo, possibilitando uma maior inserção social e política.
 Além de conhecerem a Câmara, cada um levou para casa um exemplar da Lei Orgânica do Município. Mais tarde se juntou ao grupo a Secretária Municipal de Educação, Cássia Murer Montagner que posou junto com a turma para um foto oficial no Plenário.
Segundo ela este trabalho que vem sendo desenvolvido com estas crianças, também tem como  objetivo estreitar o relacionamento delas com a comunidade em geral. Para isso, toda quinta-feira é agendada uma visita nova para o grupo, que hoje é composto de 10 crianças. A Câmara teve o prazer de recepcioná-los.

 A Linguagem das mãos
Aprender uma língua não é apenas uma questão de gravar palavras e frases individuais. A essência da linguagem é a capacidade de juntar palavras em novas combinações. Dois motores da linguagem seriam a memorização das palavras e a combinação de pedaços de palavras de acordo com as regras.  "A linguagem é uma janela para a natureza humana, que expõe características profundas e universais de nossos pensamentos e sentimentos.   A linguagem não dá conta de tudo o que queremos transmitir. A idéia de incomunicabilidade pode assustar, e desse sentimento compartilham os deficientes.
Surdos, cegos, mudos e afásicos são compelidos a desenvolver linguagens específicas. Para superar suas dificuldades comunicacionais, eles criam e recriam códigos. São novas formas de ver e ler o mundo, de senti-lo, por exemplo, na palma de suas mãos.

 

 

Deficientes auditivos vivenciam história, cultura e cotidiano da cidade






Estudantes da Rede Municipal de Ensino de Jaguariúna, surdos ou deficientes auditivos, iniciaram as primeiras atividades do Projeto Jaguariúna na Palma das Mãos, que envolve visitas a locais que são referenciais históricos, culturais e turísticos da cidade. O projeto é uma das atividades que integram o Atendimento Educacional Especializado (AEE) da rede de ensino, acompanhado pelo especialista José Marques Neto - formado em Pedagogia, com habilitação em Educação Especial -, e pela auxiliar Claudia Delfino de Souza; ambos assessoram os professores nas atividades diárias durante as aulas regulares.  No dia 11, um grupo formado por dez alunos saiu da Escola Coronel Amâncio Bueno e foi até a Casa da Memória, o percurso, feito a pé, foi acompanhado por Claudia e José. Durante a caminhada houve estímulos para a percepção dos cuidados com o trânsito e de atenção com o ambiente externo à escola. No acervo da Casa, o grupo pode identificar personagens e construções que fazem parte da história de Jaguariúna, por meio de atividade interativa que uniu fotos, textos explicativos e o diálogo em Libras (Língua Brasileira de Sinais).
 



O trabalho das restauradoras na recuperação de fotos antigas chamou a atenção do grupo, que conferiu um exemplar do primeiro jornal da cidade (1921). Daiane, 14, e Iara, 18, visitaram o local pela primeira vez, enquanto Iuri, 21, já havia realizado uma visita com o pai, mas nem por isso deixou de explorar o ambiente para “conhecer a história e as famílias que viveram em Jaguariúna há muito tempo”.
O Projeto valoriza a Libras como primeira língua e a Língua Portuguesa, em sua modalidade escrita, como segunda. “Por meio da primeira língua o aluno tem o acesso ao patrimônio cultural, histórico, político e ao dia a dia da cidade. Na atividade são apresentados lugares significativos que fazem referência aos acontecimentos do passado, necessários para entender o presente”, explicam Claudia e José.
Valorização 
Atualmente, a Rede Municipal de Ensino tem 14 alunos surdos ou com deficiência auditiva, matriculados em diferentes séries. Nas atividades do projeto, que acontecem no Amâncio Bueno, em horário contrário ao da aula regular, a história da vida pessoal e familiar dos alunos também é um componente importante no cenário do ensino. Na fase introdutória, foi construída uma linha do tempo sobre a história da cidade e a própria data de nascimento dos alunos foi utilizada como marco para situá-los. 
Segundo Cláudia, o surdo assimila com a memória afetiva e é importante que tenham a informação completa, ou seja, situar o antes, o durante e o depois. “Suas referências são construídas a partir daquilo que vê e a partir daí absorve a informação. Uma de suas dificuldades é entender os níveis de hierarquia”. 
Para exemplificar, Cláudia diz que quando se trata de diferenciar as responsabilidades do prefeito, vereador e secretários, é preciso mostrar o ambiente e a pessoa e só então fazer a referência de suas responsabilidades. 
Programação
A programação do projeto com as visitas terá continuidade no dia 26, quando o grupo vai realizar um passeio pelos pontos turísticos da cidade e fotografar os espaços. No dia 9 de junho acontece a terceira atividade em campo – “Jaguariúna hoje: hierarquia política e cidadania”, envolvendo uma visita à Prefeitura, Secretaria da Educação e Câmara dos Vereadores. 
No segundo semestre a programação continua com foco para situações do cotidiano. A proposta geral envolve temáticas sobre hierarquia política; hino nacional; história de Jaguariúna e seus pontos turísticos; educação ambiental e no trânsito; direitos e deveres do cidadão; visita a escola inclusiva - Escola Júlio de Mesquita em Campinas - e a outras instituições que possam contribuir para o projeto.
“O projeto é uma oportunidade para uma apresentação aos alunos, de maneira simplificada, sobre o funcionamento da cidade. Através dele vamos explicar e prepará-lo para o cotidiano, demonstrar a importância da cidadania e da inclusão social”, resume José Marques Neto. 


Deficiência do filho levou mãe a se especializar no tema

Cláudia Delfino de Souza descobriu que seu filho Gabriel, 8, havia nascido surdo aos seis meses de vida, hoje ele cursa a 3ª. série do Ensino Fundamental. Até os dois anos de idade Gabriel frequentava apenas a fonoaudióloga, pois a deficiência ainda era desconhecida. “As pessoas diziam que ele não era apenas surdo, pois não havia entendimento sobre as suas necessidades. Ele tinha reações que não eram comuns (bater a cabeça, por exemplo), pois não sabia dizer que tinha fome ou sede, não era compreendido”.

A busca por explicações fez com que Cláudia começasse a estudar sobre a deficiência, quando o filho já tinha três anos. Para isso, visitou várias instituições de ensino. “Comecei a fazer um comparativo, a buscar informações e caminhos para lidar com a situação e dar significado às coisas. Desde então, não parei mais”.
Aprofundar-se no conhecimento da deficiência do filho foi o que deu condições para a mãe afirmar que “ensinar ao surdo não é igual aos demais” e a compreender que o filho tem plenas condições de inclusão e desenvolvimento na sociedade. “Quero que o meu filho saiba interpretar o mundo em que vive”.
Durante dois anos ela estudou Libras na Unicamp e busca em ferramentas como internet e apoio de vídeos o aprofundamento e a interatividade com o tema. Segundo Cláudia, é preciso buscar alternativas para evoluir no desenvolvimento da deficiência. O alerta é feito quando lembra que na Unicamp fez cursos gratuitos no Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação (Cepre), entre outros. “Procuro sempre estar antenada nas leis. O País é muito assistencialista e buscar um caminho envolve questões culturais e sociais”.
Desde que iniciou a jornada pelo desenvolvimento de Gabriel, Cláudia conta que teve que fazer opções, uma delas a de deixar o emprego em uma multinacional para acompanhar as atividades e o desenvolvimento do filho, até que fosse convidada para participar e dividir o seu conhecimento junto ao Atendimento Educacional Especializado (AEE) da rede municipal, ao lado do especialista José Maria.
A gratificação, ela demonstra com outras palavras: “Sempre estudei para que o meu filho tivesse sucesso”. Um segundo aspecto que ressalta é compartilhar o conhecimento com outras mães, o que, segundo Claudia, encurta caminhos para a evolução do tratamento dos filhos. “As mães me procuram em busca de auxílio”.
Claudia valoriza as oportunidades que teve na capital, quando morava em São Paulo, onde os acessos eram mais amplos, mas reconhece que a questão evoluiu, o que exemplifica ao observar que tudo o que uma das alunas da rede municipal aprendeu sobre Libras, desde os sete anos de idade, foi fruto do trabalho que é realizado na escola. Hoje a aluna está com 18 anos, na 2ª. série do Ensino Médio.